segunda-feira, junho 28, 2004

Democracy in action

Em tempos, a quando das eleições europeias, carpimos as mágoas de um povo que não participou, que se esqueceu dos seus deveres e não direitos como alguns pensam, e que deixou Portugal com a infame cifra de 62% de abstenção. Contudo, os últimos desenvolvimentos, originados por este furacão político do gracejar dos partidos populares ao oferecer um brinquedo, chamado poder, a uma criança ávida de brincadeira, trouxeram uma instabilidade no País com divisões entre aqueles que pensam de uma forma democrática, propondo eleições antecipadas, pois afinal ainda nos é garantido escolher o nosso Primeiro-Ministro, até ver, e os outros que pensam que o universo de escolhas políticas se restringe a um partido e uma muleta inexpressiva coligada.
Não pude deixar de ficar contente pela demonstração, ontem em frente ao palácio de São Bento, de cerca de 2500 pessoas manifestando-se contra a nomeação, hierárquica, de Santana Lopes como Primeiro-Ministro. Claro que essas pessoas chegaram lá, supostamente por SMS anónimos e não intencionados, enviados por milhares de pessoas que convocaram uma autêntica “corrente de força�. Claro que alguém esteve por detrás desta corrente de força mas o que importa afinal é que moveu as pessoas e não apenas as pessoas das bandeirinhas e dos discursos doutrinados deste ou daquele partido. Foi uma manifestação democrática no verdadeiro sentido, ao contrário das manifestações espontâneas convocadas por um líder qualquer de uma juventude partidária de coligação que, de Democracia nada sabe mas também como não saiu ainda dos cueirinhos não se pode levar a mal.
Entretanto, no próprio partido PSD, as peças do xadrez movimentam-se freneticamente de forma a garantir que velhas rivalidades internas e poleiros não caíam em mãos alheias. A ministra Ferreira Leite afirma que é imprescindível a convocação de um congresso extraordinário para eleger o sucessor natural de Durão Barroso. Pois como se de uma monarquia se tratasse, estamos em pulgas para saber qual será o próximo Rei Laranja, sendo sincero, em pulgas não estou, estou sim a tentar ser irónico pois não creio que ainda seja possível nomear um primeiro-ministro através de um congresso mas, desde que vi um porco a andar de bicicleta, hoje em dia acredito em tudo.
La piéce de resistence, Sampaio, será que vai ter the balls para convocar, sendo a mais lógica ideia de todas as lógicas possíveis, eleições antecipadas? Eu já vos contei a história do porco e da bicicleta não já?

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