terça-feira, fevereiro 28, 2006

Antes sê-lo do que parecê-lo

Devo confessar que não sou um fã convicto do Carnaval, aliás, para mim, o Carnaval tem um aspecto positivo e um aspecto negativo. O lado positivo é que é feriado e sempre dá a possibilidade de minorar os efeitos perversos de uma segunda-feira, o lado negativo é o facto de ter que gramar com os foliões cada vez que quero ir beber um copo seja lá onde fôr. Desnecessário será dizer que não vou muito na conversa de me mascarar não vendo até qual é a piléria de tal acto. Qualquer das vias, ontem, dei por mim mascarado sem que o estivesse, ou melhor, algumas pessoas, nomeadamente um individuo, acharam que eu era ou estava mascarado de agente da judiciária apesar de não estar mascarado. Numa banca que vende colesterol, perdão, junkfood ou lá o que é aquilo, chegou um individuo de etnia cigana e pôs-se a conversar comigo. Bastantes minutos mais tarde ele acerca-se de mim e diz : " Tá a verí um cigano e um agente da judiciária a falarem sem maldadí, não é bonito?!" e eu respondi: " É sim senhor mas é Carnaval e eu não sou da Judiciária."

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Glamour aéreo

Há formalismos e trajeitos sociais que me fazem confusão. Um desses formalismo é a mudança da nomenclatura das profissões na Admnistração Pública, ou seja, no meu tempo de escola haviam contínuas, actualmente, há auxiliares de educação como se isso trouxesse um véu de Glamour ou de motivação adicional para quem desempena estas funções de auxiliar de educação apesar de fazer o mesmo que antigamente como contínua. Parece que há algum pudor na forma como se vêem algumas profissões muito dignas e que devem ser ostentadas com o orgulho na importância que têem para a sociedade onde vivemos. Os Almeidas ou homens do lixo são actualmente Técnicos de Higiene Pública apesar de não terem as qualificações, muitas das vezes apesar de haver excepções, para serem técnicos seja lá do que fôr. No entanto, a tarefa de remoção do lixo das cidades e vilas reveste-se de suma importância apesar de não ser reconhecida por muitas edilidades infelizmente. Experimentem estar uma semana sem que haja remoção do lixo para verem a importância que esta profissão tem para a sociedade, no entanto, quem executa estas funções é tido como um coitado, um desqualificado que não consegue melhor que aquilo. Nos antípodas da profissão de Técnico de Higiene Pública está a profissão de Hospedeira(o) das companhias aéreas que, apesar de desempenharem as funções de empregada(o) de mesa extremamente simpática(o) dentro de uma lata de sardinhas, são tidos em alta conta e perfaz o sonho de muitos jovens o ingresso nesta profissão. Apesar de serem profissionais, os(as)hospedeiras, com formação que vai muito além do simples acto de atendimento ao público, desempenham as funções que um empregado de mesa desempenha com menos de metade do Glamour que as(os) hospedeiras(os) têem.
Em Portugal liga-se muito ao formalismo do cargo em vez de se ligar ao desempenho e às funções a que cada cargo está obrigado a desempenhar e dessa forma, indubitavelmente, remunerar e reconhecer condignamente os profissionais que as desempenham. A forma como nos relacionamos com o trabalho tem que mudar radicalmente e os doutores e engenheiros terão que perceber que os títulos são bons para a Monarquia, vivemos numa república laica em que a única Igreja é o Desempenho eo Dinheiro o Objectivo.

domingo, fevereiro 19, 2006

Segundas Feiras

As segundas feiras são aqueles dias da semana que nos fazem lembrar que deveriamos ter tido mais um dia de fim de semana, pelo menos, e que o nosso chefe é realmente chato, especialmente à segunda-feira. Que tal uma sugestão para suportar melhor a segunda-feira? Talvez uma viagem diferente ou um passeio logo pela manhã consigam trazer essa dose extra de paciência para trabalhar à segunda-feira. Que tal um passeio de Ferrari 275 GTB em Paris? Vejam isto!

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Escola para Doutores e Engenheiros

Estou a frequentar um curso de Formação Profissional em regime Pós-Laboral juntamente com alguns coleguinhas doutores e engenheiros. De falta de simpatia e cordialidade não me posso queixar por parte dos meus colegas, no entanto, estes, são o espelho de uma sociedade que tarda a mudar. Os engenheiros pretendem um CAP ( certificado de aptidão profissional ) para assinar de cruz mais uns projectos, os outros estão lá porque enfim alguém os enviou para lá mas poucos são aqueles que realmente têm o gosto real, apesar de ser duro trabalhar de dia e estudar de noite, por aprender algo de novo. Não há aquela curiosidade nata em saber para que é que servem os conteúdos que lhes são veiculados, a não ser que alguém lhes diga da forma mais simples e óbvia possível como o fazer. Parece que as coisas são como elas são e nada deve mudar e as novas abordagens ao mundo do trabalho, algo vindo de um livro de fantasias onde só são possíveis, essas mudanças, lá.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Capitais

Não vos parece um pouco estranho essa mania que muitas autarquias têem em apelidarem-se capitais seja lá do que fôr? Paços de Ferreira é a Capital do Móvel, Torres Novas é a Capital dos Frutos Secos e Aljubarrota será a capital do quê? Das padeiras? e a Baixa da Banheira será a Capital das Banheiras? Para mais há município, como é exemplo o da Golegã, que faz gaúdio do facto de ser capital do Cavalo. E o Casal Ventoso é o quê?!
Esta mania atavista de ligar uma localidade a uma curiosidade ou facto histórico qualquer já vem do tempo da Ditadura Fascista. Numa altura em que se pretendia enaltecer o bem estar que supostamente existia, falar em capitais quase mundiais do móvel ou do vidro,por exemplo, é um argumento falacioso aos tempos de hoje. Enfim espero pela elevação da capital do penico ou do sexo que, por exemplo, pode ser Bragança já que foi alvo de notícia em jornais internacionais. Que lindo!! Venha a Bragança, a capital do sexo!!! havia de ser bonito!!!

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Allô presidente!!!

Não sei se já repararam mas actualmente já não se fala em crise na televisão. Como por magia, o discurso negativista desapareçeu, esvaneceu-se numa núvem de optimismo emergente. Quando Cavaco Silva tomar posse, imagino eu, começará o discurso da retoma económica, do tal oásis perdido na parte mais ocidental da Europa, esse Éden. Como em Portugal se vive cheio de coincidências, esta alteração no discurso das televisões não poderá ser mais do que uma mera coincidência.
O Timming das coisas neste país espantam-me, ou seja, eleição de Cavaco, OPA à PT. Belmiro de Azevedo e sus muchachos de volta à ribalta da política portuguesa, desta feita, sem ser nos bastidores, afinal tanto dinheiro investido numa candidatura tem que, forçosamente, ter os seus proveitos.
Em resumo, está desempregado? Não se afliga pois continuará desempregado mas cheio de esperança com o Novo Sebastião come tudo tudo!! Alegrem-se!! a Retoma está aí breve, em Abril em todos os lares portugueses, saíam à rua e festejem. Enfim se não levarmos estas coisas a rir não sei o que será de nós sinceramente.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Não me desenharás


Ok eu já sei que não poderei ir mais alguma vez ao Alentejo nem ao Vaticano.

Facilmente iriamos de encontro com a opinião que sustenta a publicação dos cartoons de Maomé como expressão de liberdade de opinião. Não creio que esse seja o argumento mais astuto, nem o mais razoável para pôr os pontos nos ís nesta questão.
O facto de termos liberdade de expressão por si só não desculpabiliza o facto de podermos desagradar alguém com desenhos ou caricaturas que possam, no entender dos visados, ferir as suas convicções. No entanto, o que existe na Europa é a possibilidade de, quem se sentiu lesado, manifestar o seu desagrado e repúdio pelos desenhos e caricaturas e pôr em causa o trabalho dos desenhadores ou caricaturistas. Temos também a possibilidade de escolher não ler uma determinada publicação porque não gostamos do teor desta, ou de, se sentirmo-nos lesados, processar a editora responsável. Em suma, os cartoons de Maomé foram a meu ver de mau gosto por serem discriminatórios, cheios de lugares comuns, preconceituosos, enfim, de péssimo gosto. O cerne da questão reside no facto de ser possível cá desenhar esses cartoons por haver liberdade de opinião e expressão, ao passo que, os que condenaram não gozam desse privilégio.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

A escolha

Sempre gostei de ler ou ouvir uma opinião incisiva, ou seja, uma opinião que vá direito ao coração da questão como uma espada no coração da besta. Um golpe directo de uma morte instantânea a uma questão que facilmente poderia perdurar, em agonia, por ser multifacetada mas que, por via de uma visão rápida e pragmática, foi atingida no seu ponto vital e debelada, o cerne da mesma. Esta semana foi marcada por vários acontecimentos entre os quais a tentativa daquele casal lésbico em ver reconhecido o seu casamento. Desde já devo endereçar as minhas saudações a esse casal pela coragem demonstrada ao aceitarem o desafio de perturbar o mar tranquilo da discriminação que existe em Portugal. Este post, no entanto, é uma reacção a um post do Adufe onde era feita referência da opinião que Pacheco Pereira tem acerca deste assunto e que, mais uma vez como homem de Direita que é, a meu ver, falhou rotundamente a estucada e o Besta continua em agonia.
Acerca do casamento entre homossexuais é fácil entramos numa conversa redundante do neo-conservadorismo, que alguns acusam os casais homossexuais, pelo facto de quererem utilizar essa velha e secular Instituição, o casamento, quando dispõem das Uniões de Facto em alternativa. �gua!!! Falhou um tiro num Porta-aviões! A questão fulcral em torno disto é a possibilidade de escolha, ou melhor, a inexistência dela pelo facto de se discriminar, Institucionalmente, uma opção sexual de dois cidadãos que têm igualdade de direitos com os demais. Quem tem uma visão de Direita acerca deste ou de outros assuntos, perdoem-me a generalização mas sou forçado cada vez mais a fazê-la, peca por cair incessantemente no “pecado� de julgarem os referenciais morais dos demais. Que eu, que sou Heterossexual, considere a Instituição Casamento como algo descontextualizado e por isso não queira alguma vez entrar nisso, é lícito, a mim que sou Heterossexual mas porque é que não será a alguém que, em igualdade de direitos consagrados na Constituição Portuguesa, não tem essa prerrogativa de escolher apenas pelo facto de ter uma opção sexual diferente? Será o meu referencial moral inculcável aos demais concidadãos? Seremos todos nós iguais? O Casamento, o que é? Velha Instituição Heterossexual assente nos votos de amor eterno entre duas pessoas de sexos diferentes e que por isso são monogâmicas a vida inteira? Será?! A escolha, a opção, essa sim deverá ser a Instituição que todos nós deveremos preservar porque, a outra, o Casamento, só lá vai quem quiser.