segunda-feira, agosto 24, 2009

Mal necessário

Não consigo ouvir mais os noticiários a abrirem com mais não sei quantos infectados pelo vírus da gripe A. Todos a gente sabe perfeitamente que, a não ser o caso de alguns doentes muito debilitados, não se morre desta gripe. Aliás, morrem mais pessoas com a gripe "normal" do que com esta gripe, no entanto, os noticiários bombardeiam a opinião pública com notícias de alarme e consternação para encher o noticiário de "conteúdos". Com a política de férias o noticiário entrou em profunda depressão porque já não é possível fazer peças de 5 minutos sobre o espirro que o ministro mandou nem tão pouco colher as reacções da oposição acerca desse acto criminoso de propagação do virus da gripe A para a população, imagino eu já o que seria inventar um conteúdo por causa de um espirro. Neste mês de agosto poderia-se pensar que haveria oportunidade para apresentar algum jornalismo de fundo, com investigação, com pés e cabeça mas não, os jornalistas, tal como todo o país, mergulham de cabeça na silly season do verão e os que cá ficam noticiam mais uns casos de gripe e outros rumam até ao Algarve, perdão ALLgarve, para fazerem a cobertura da festa da pipinha tatinha tótinha ou tátá pitá búbú gágá ou qualquer um dos nomes ridiculos do jet-set nacional. De facto, a politica nacional faz falta por cá senão levamos uma injecção brutal de gripe A de tal forma que se não for da gripe A será concerteza dos programas de verão da SIC e RTP que ficaremos com uma pandemia de esgotamentos nervosos, isso sim.
Não posso deixar de mencionar o cariz económico desta questão da gripe A não fosse esta gripe por um mero acaso ter apenas uma empresa farmaceutica a comercializar o anti-gripe por uma coincidência "do caraças" eu diria. Será que ninguém vê isso? De facto a produção de conteúdos é um negócio ao qual são colocadas pressões comerciais e políticas para modelar este ou aquele conteúdo o que faz-me colocar a questão fucral acerca disto tudo, há democracia no mundo ocidental? Há liberdade? O que há-de se achar acerca disto tudo? Pessoalmente acredito que caminhamos para uma sociedade em que há a liberdade de se pensar desde que se pense da mesma maneira que o poder Instituído pensa, como Henry Ford dizia pode escolher qualquer cor para o modelo T desde que escolha o preto. Porquê? Acreditam que alguém independente terá algum vez hipótese de vencer alguma eleição? Claro que não os opinion makers tratam de lançar as tendências e a formulação das opiniões, basta que um determinado candidato seja sempre o primeiro ou o último no alinhamento das reportagem das campanhas e os resultados só por aí sofrem alterações importantes na formulação da opinião pública sobre um determinado candidato. Não pensem que o alinhamento que referi é feito de uma forma aleatória, não é feito de acordo com as pressões exercidas de fora para dentro, por isso pensem bem antes de votar mas qualquer das vias votem!!.

terça-feira, agosto 11, 2009

Gangsters e caramelos de fruta

Sempre gostei dos mais fracos, dos oprimidos e dos vilões. Nos filmes de cowboys torcia sempre pelos índios e nos filmes de gansters, o gangster, sempre o vi como um alter ego do que apetecia ser de cada vez que a minha professora da primária me perguntava pelos trabalhos de casa. Irromperia por aquela sala fria da minha escola com uma Tommygun e passava o resto da minha vida a fugir mundo a fora fazendo o que bem me apetecia e a comer todos os caramelos de fruta que eu pudesse e aguentasse claro está. Os filmes de gansters mostravam um deliquente querido do público, que tinha valores morais pois só roubava dinheiro do banco e nunca dos clientes que, enfim, que tinha desculpa por ser traquinas como eu e toda a miudagem queria ser e o era afinal. Parece que havia uma reserva moral para fazer o que estava errado porque, fora dessa reserva, seriamos sempre os policias e nunca os ladrões entenda-se. Podia contestar o poder chato da minha professora que me exigia os trabalhos de casa feitos sabendo muito bem que depois da escola eu tinha que ter uma vida de gangster a fugir dos polícias maus e a comer caramelos de fruta, como eu teria tempo para fazer os trabalhos de casa?! Não compreendia que não valia a pena viver a vida se não houvesse emoção e caramelos de fruta quantos eu quisesse, e por isso, eu tornava-me gangster de vez em quando e não fazia os trabalhos de casa. Afinal eu era aquele gangster dos anos trinta que o público gostava e aplaudia, que mal havia nisso não é verdade?! Por vezes temos que despertar o gangster que há em nós.