Fiquei, como muitos ficaram, impressionado com o episódio trágico da pequena Joana. Não irei alimentar mais o sensacionalismo gerado em torno da questão nem tão pouco referir o que é óbvio. O crime, a ter sido consumado, foi hediondo. Pretendo levantar um outro aspecto, não mais importante que o caso em si mas de igual importância e que tem vindo a ser descurado pelos Media, ávidos de sensacionalismo barato consubstanciado com o repisar da questão, que é a questão omitida quanto à Assistência à FamÃlia e Crianças.
Recordo-me de uma conversa que tive com um amigo meu, tempos atrás, em que este me referia que a sua irmã, a residir na Alemanha, quando teve a sua filha, foi visitada, inesperadamente, pelas Assistentes Sociais Alemães. Nada de grave nem houve nenhum episódio digno de registo. Lá é regular uma visita de rotina cada vez que há um nascimento de uma criança. A referida visita pretende aferir se há condições para a criança crescer saudavelmente na casa e consequentemente despistar situações de risco. Serve também para aconselhar as mães acerca de cuidados básicos a ter com a criança.
Por cá, a situação da Joana foi registada como sendo de risco pelas assistentes Sociais devido a suspeitas de maus-tratos. A diferença entre Portugal e a Alemanha, nesta matéria, reside no fazer da Alemanha e no hás-de fazer qualquer coisa de Portugal.
Todos os anos em Portugal são registados centenas de casos de maus-tratos a crianças onde, infelizmente, de alguns resultam a morte de crianças e maus-tratos e sequelas fÃsicas e psicológicas para o resto da vida. Devo referir que esta situação é cada vez mais tÃpica das sociedades ocidentais e tem vindo a aumentar ao passo que a unidade familiar tradicional, tal como era entendida, se desmembra. Não pretenso fazer deste post um revivalismo dos antigos e morais valores da FamÃlia, pelo contrário, alerto para a necessidade urgente de se adaptar os serviços de apoio à famÃlia cada vez mais bem adaptados a esta nova realidade.
Espanta-me ou talvez nem tanto ou até mesmo nada que os Media não abordem a questão. È uma questão difÃcil mas que tem que ser encarada e analisada e, acima de tudo, “atacadaâ€� na sua raiz. É óbvio que levantar esta questão em detrimento do sensacionalismo barato não vende tanto e afinal o importante são as shares de audiências. Assim, exorto os media a largar o sensacionalismo barato e a atacarem o cerne da questão, ou seja, se o caso da Joana foi referenciado como sendo um caso de risco pelo Instituto de Apoio à Criança, porque é que nada foi feito, o que é que as autoridades podem fazer neste caso, em suma o que é que falhou e desta forma, e não alimentando mais bodes expiatórios, promover alterações urgentes nestes organismos para que não hajam mais casos idênticos ao da Joana.
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