Toda esta controvérsia em torno da colocação de professores fez-me pensar acerca outros de factores, que não somente o falhanço no programa de colocação de professores este ano, que contribuem para o descalabro da educação em Portugal. Um dia, como era costume, fui a casa do “Russo�, alcunha por quem era conhecido o meu melhor amigo de infância e, como era costume também, na altura estava à espera que a “noiva�, o Russo é claro, arranjasse a carapinha loira para irmos às gatas (atenção ao pormenor, às gatas e não de gatas capisce?! Para mais a expressão implica moçoilas hum?!). Entretanto, o pai do meu amigo Russo chegou-se ao pé mim e disse-me, ipsis verbis, isto: “ olha ó oliveirinha, sabes da última? A Ana apanhou uma pele de raposa!� eu fiquei espantado com aquilo porque o pai do meu amigo estava a referir-se a uma criança de 12 anos que obviamente não tinha idade para andar por aà a caçar raposas pensei eu. Enganei-me, o que o pai do meu amigo quis dizer foi simplesmente isto, a criançola tinha reprovado nesse ano lectivo. Fiquei abismado, não pelo facto de esta ter reprovado mas sim pelo sorriso de orelha a orelha que o paizinho da criança ostentava no rosto. Eu perguntei-lhe o que parecia ser óbvio, ou seja, a sua filha reprova na escola e você fica satisfeito com isso? Ao que parece, por estranho que pareça, pareceu-me que aquilo fazia parte de um qualquer ritual a que todos os descendentes do pai do meu amigo poderia passar já que este também o tinha realizado, o ritual.
A educação boa ou má começa em casa com o imprescindÃvel estÃmulo por parte dos pais no sentido de os filhos se interessarem pela aquisição de conhecimentos. Sem isso, e quando os pais não se interessam em fornecer esse mesmo estÃmulo, e apesar de, nem todas as famÃlias, infelizmente, terem a disponibilidade financeira para a aquisição de ferramentas didácticas extra-curriculares, o mÃnimo que poderá ser feito, será dar o estÃmulo necessário para que as crianças adquiram conhecimentos e se formem, com a ajuda imprescindÃvel da escola também, em indivÃduos prontos para enfrentarem uma sociedade penalizante para quem não se adapta ou não possui os conhecimentos suficientes. Isto não acontece actualmente, a generation gap é brutalmente elevada e com as novas gerações a adquirirem conhecimentos através de um sistema de ensino deficiente, o futuro que se agoura é negativo. Futuramente, as actuais gerações terão o mesmo problema que a geração anterior a esta sentiu aquando do acompanhamento escolar dos seus filhos. Quero com isto dizer que, apesar da escolaridade em termos de anos escolares aumentar, não aumenta, em qualidade, a quantidade de conhecimentos essenciais transmitidos à s novas gerações.
É fácil e rápido culpabilizar sempre um dos intervenientes do processo educativo mas, e apesar da sua maior responsabilidade, a culpa terá que ser repartida pelos vários intervenientes do referido processo. Como na questão dos trabalhadores, aqui, temos que repartir culpas, apesar de em proporções diferentes, as culpas. No entanto, a borrada que foi a colocação dos professores este ano, é imperdoável, estão a brincar, literalmente, com o futuro imediato de milhares de crianças e professores.
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