sexta-feira, setembro 10, 2004

O estado da nação

Os últimos acontecimentos em Portugal, mais propriamente as eleições no partido Socialista, suscitaram-me questões importantes que não, como à primeira vista se poderia pensar, saber qual dos candidatos poderia ser o melhor, ou a melhor resposta para um dos maiores partidos portugueses. Ciclicamente, em Portugal, pondera-se se deverá haver mais esquerda e menos direita ou se deverá haver mais direita e menos esquerda. No entanto, passa-se ao lado de uma questão vital para o futuro do nosso país. O modelo económico actual que se centra num vector de competitividade empresarial assente nos custos baixos com a mão-de-obra, está falido e sem esperanças de revitalização, e a custo elevado, os sucessivos governos, vão enviado balões de oxigénio para o mercado.
De ambos os espectros da política, esquerda e direita, apontam-se os males e os benefícios que a iniciativa privada poderá ter para o país, no entanto, esta visão de cada um dos espectros da política, peca por não abranger a totalidade da questão. Se por um lado, a iniciativa privada cria riqueza e postos de trabalho, por outro também usufrui da mão-de-obra, mais ou menos qualificada, que o Estado financiou em cuidados médicos e educação. Um aspecto complementa o outro, ou seja, a iniciativa privada não se pode escudar das suas obrigações apenas pelo facto de criar riqueza e postos de trabalho e também não se pode exigir desta quando o sistema da função pública não funciona e a burocracia impera.
Actualmente vê-se milhares de euros todos os anos para financiamento de formação profissional ou qualificante, pagos pelo Estado português e a Comunidade Europeia. Na minha óptica, não faz sentido que o Estado canalize fundos para fomentar a formação de quadros que irão trabalhar em empresas cuja obrigação é, acima de tudo, potenciar a sua competitividade, investindo precisamente nessa área. O dinheiro que o Estado canaliza para formar activos não irá ser alvo de retorno visto que, esses funcionários irão voltar para os seus postos de trabalho e continuar a auferir de salários miseráveis, não sendo assim possível, ao estado, captar o retorno do dinheiro investido através de receitas de IRS. Este é um aspecto, outro aspecto pelo qual eu me insurjo tem a ver com um aspecto primacial de ser empresário que é o facto de a formação qualificante ser entendida como um custo pelos empresários. A qualificação da mão-de-obra é um investimento imprescindível para o êxito de qualquer empresa, no entanto e ao contrário de outros países, mais desenvolvidos, em Portugal os empresários tendem a julgar a formação do seu próprio pessoal como um custo. Falta muita cultura empresarial aos empresários portugueses, salvo raras e honrosas excepções. Falta também muita cultura de trabalho ao trabalhador médio português que em muitos casos se mostra inflexível à mudança e à mudança. Temos que alterar os hábitos, e depressa. Pelo lado do governo, menos demagogia, mais acção e definitivamente, medidas que alterem o modelo económico miserabilistas que assenta sob a exploração da mão-de-obra. Continuamos a ter os salários mais baixos da Europa.
Por fim, ao Primeiro Ministro digo o seguinte: Se pretende maior produtividade por parte dos trabalhadores para estes terem o que lhes é devido, torne-se você e o seu governo mais produtivo e não faça asneiras como fez com o caso da colocação dos professores este ano.
Oliveirinha dix it !

Sem comentários: