É curioso verificar como abordamos conflitos entre nações de acordo com a zona geográfica onde estes eclodem. Na Europa, o conflito bósnio foi um conflito étnico, onde, termos como limpeza étnica foram utilizados para descrever os eventos que lá se passaram. Em Ã�frica, os mesmos conflitos são considerados como sendo tribais. A diferença na abordagem do mesmo tema, nestes casos em que Ã�frica e a Europa estão envolvidas, tem subjacente a pesada herança Neo-clássica que nos foi incutida pelos governos europeus como forma de justificar a presença dos paÃses europeus em Ã�frica e seu domÃnio sobre as populações indÃgenas. As potências europeias traçaram mapas de paÃses sem respeitar as seculares nações que já existiam dentro desses territórios, e em muitos casos, estraçalharam nações em vários pedaços distribuÃdos de acordo com os recursos naturais que disponham no seu território. Actualmente, as divisões criadas pelos europeus servem para alimentar conflitos gerados quer por dirigentes africanos, quer ainda pelos paÃses europeus para alcançar os apetecidos recursos naturais, e continuamos assim durante todo este tempo.
Devo confessar que me custa ouvir algumas teorias absolutamente idiotas acerca da pretensa natureza guerreira dos povos africanos e da forma como estes parecem não conseguir viver em paz entre eles. Dá-me a impressão que muitas pessoas julgam que os conflitos entre nações africanas dentro de um mesmo paÃs que é a mesma coisa que um pretenso conflito entre alentejanos e algarvios ou entre portistas e benfiquistas. Fomos ensinados a menosprezar a identidade cultural dos povos africanos e a pensar de acordo com a teoria que “fomentavaâ€� a presença dos paÃses europeus em Ã�frica. A ideia que me referi é a de que os africanos precisavam de nós porque eram selvagens e não conheciam a civilização ocidental.
Há uma coisa que sempre me preocupei em seguir na minha vida. Devo viver a história do meu povo tal como ela é, ou seja, tenho que aprender com o que fiz de mal e com o que fiz de bem.
As reacções à dominação, em muitos aspectos, nefasta dos paÃses europeus sobre Ã�frica foi negativa, no entanto, não posso desculpar, nem tolerar ideologias racistas como reacção a outras ideologias racistas. Não posso tolerar ideologia que enalteçe a negritude nem a pureza racial do branco, por quanto, só conheço o OMO, que lava mais branco, como ideal de brancura.
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