Apesar de não ser um adepto fervoroso das estatÃsticas por estas encerrarem alguns problemas de base, como a pura e simples manipulação de resultados ou recolha de dados deficiente e até mesmo a escolha de amostra que poderá ser insuficiente para um dado universo ou simplesmente esse amostra não é, por assim dizer, o espelho de um dado universo. No entanto, terei que baixar o cepticismo e olhar aos resultados de algumas estatÃsticas e tomar em conta os valores. A Organização Mundial de Saúde desenvolveu um estudo acerca dos cuidados médicos prestados à população e uma das variáveis do estudo era a influência que esses cuidados médicos tiveram na estatura média de uma determinada população. Os resultados para Portugal mostraram, mais uma vez, que somos dos povos mais baixos da Europa, o que em si não é grave. Grave é analisar os resultados e ver o evoluir da curva ao longo dos anos e nas diversas zonas do paÃs.
Os nados, do sexo masculino, desde 1965 até 2001 foram analisados através de estatÃsticas fornecidas pelo Exército Português, vulgo inspecções, e mostraram uma evolução em termos de estatura média dos portugueses de geração para geração. De facto, os portugueses estão cada vez mais altos à medida que os cuidados de saúde e alimentação vão melhorando. Qualquer das vias, o estudo revela particularidades interessantes que nos revelam o Portugal profundo. As zonas do Litoral são aquelas que registam as maiores subidas médias de estatura e também registam um maior número de sujeitos incluÃdos nas classes mais altas. No interior, sendo do Distrito de Castelo Branco o mais destacado, é onde se verificam as menores subidas da estatura média, com excepção a Santarém que regista uma das maiores subidas de estatura média no espectro das provÃncias do Interior e do paÃs também. Outro aspecto inquietante sobre este estudo indica que a subida média de estatura de 1993 para cá tem vindo a subir com cada vez com menor intensidade, o que revela que há cada vez mais deficiências no sistema de saúde e na alimentação, fruto talvez de uma maior taxa de desemprego geracional, ou seja, os despedimentos verificados na indústria do Litoral e que visou, em especial, os trabalhadores menos qualificados e na casa dos quarenta anos, afectou o rendimento familiar e a alimentação. A Madeira lidera a tabela com a estatura mais baixa do paÃs e também com o maior Ãndice de taxa de mortalidade, o que nos faz concluir que alcatrão e hotéis não são alimentos muito nutritivos e que potenciem a elevação da estatura das crianças.
Em suma, cada vez mais, e não é só de agora, existem dois paÃses dentro do mesmo território, o Litoral e o Interior. Dá a sensação que há portugueses de primeira e portugueses de segunda, e essa diferença agudiza-se cada vez mais. Preocupa-me um pouco, não por complexos com a altura até porque, pessoalmente, estou acima da média registada a nÃvel nacional que é de 1,73 cm, mas porque, a estatura média, é o reflexo de um sistema de saúde que se detiora a olhos vistos. Curioso foi ver nos jornais e na televisão a apresentação dos resultados a nÃvel nacional, fazendo crer que foi uma grande conquista a nÃvel nacional. Como podem verificar, não foi para todos, e a estatÃsticas têm destas coisas. Se eu comer um frango e tu que lês não comeres nada, estatisticamente, nós os dois comemos meio frango mas tu passaste fome. Dá que pensar.
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