quarta-feira, novembro 24, 2004

Caixa de cores

A geometria estava feita, os lugares ocupados e os ângulos com a esquadria perfeita. Tudo tinha que estar assim, e eu era o fulcro, o ponto central. À medida que observava os lugares e quem os ocupava, ou o que os ocupava, vi cores, várias, e de repente senti-me no meio de uma roda que começava a girar. Girava com cada vez mais ímpeto. As cores começavam a fundir-se numa só cor, desafiando o pantón, era escuro. Senti-me cada vez cercado, roda apertava mais e mais, perdi a horizontalidade, a verticalidade parecia-me um porto seguro cada vez mais. Numa última esperança, olhei para cima contava com o tecto mas este não estava lá. Eis a minha fuga mas o ar é demasiado rarefeito para degrau de escada. Subi qualquer das vias apoiado em algo que não um degrau. Apercebi depois que para subir não é imprescindível um degrau, afinal quando lá fui parar não desci escadas algumas. Já cá fora, a caixa das cores era minúscula e rodopiava na mesma, o meu corpo um gigante e ri-me, afinal era uma caixa do caleidoscópio mágico, as cores eram isso mesmo cores.
Por vezes os problemas são caixinhas pequenas, nós é que nos sentimos atraídos para cair nelas.

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