sexta-feira, novembro 26, 2004

Emigração

À muitos anos atrás ouvi de pessoas naturais de países onde se verificava uma onda de emigração bastante significativa, comentários xenófobos e racistas. Anos mais tarde, e como a vida dá voltas estranhas, oiço hoje em dia os mesmos comentários de compatriotas meus, ipsis verbis. É estranho ver como as afirmações e expressões xenófobas são similares por entre os vários países europeus, inclusive, Portugal. Sempre tive em conta que os Portugueses, genericamente, eram tolerantes em relação aos estrangeiros, mas aprendi que isso verifica-se em relação aos estrangeiros que estão de passagem. Não descobri a pólvora, aliás, a nossa história é rica em episódios de tolerância perante outros povos e também, o reverso da medalha. É necessário termos em conta que também fomos emigrantes, e somos ainda, noutros países e lá passámos as passas do Algarve.
O fenómeno da xenofobia é como que um trigger shot para expiação dos males de um país, ou seja, é mais fácil inculcar as culpas, seja lá do que for, no outro, o desconhecido, do que nos apontarmos na equação. De alguma forma, é humano e animalesco ao mesmo tempo daí, atendendo ao facto de estarmos num ponto civilizacional tão avançado, ou pelo menos, presumimos que sim, estes actos, animalescos, já não têm razão de ser. Os emigrantes são uma mais valia para qualquer país se as autoridades desse país souberem tirar proveito disso.
Durante muito tempo foi-nos incutida a noção de país, nação num espaço físico e concreto, estanque. Hoje em dia, com o advento da comunicação, os países são as respectivas culturas e as pessoas que vestem e representam essa cultura, como tal, somos, quer queiramos quer não, cidadãos do mundo.

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