À muitos anos atrás ouvi de pessoas naturais de paÃses onde se verificava uma onda de emigração bastante significativa, comentários xenófobos e racistas. Anos mais tarde, e como a vida dá voltas estranhas, oiço hoje em dia os mesmos comentários de compatriotas meus, ipsis verbis. É estranho ver como as afirmações e expressões xenófobas são similares por entre os vários paÃses europeus, inclusive, Portugal. Sempre tive em conta que os Portugueses, genericamente, eram tolerantes em relação aos estrangeiros, mas aprendi que isso verifica-se em relação aos estrangeiros que estão de passagem. Não descobri a pólvora, aliás, a nossa história é rica em episódios de tolerância perante outros povos e também, o reverso da medalha. É necessário termos em conta que também fomos emigrantes, e somos ainda, noutros paÃses e lá passámos as passas do Algarve.
O fenómeno da xenofobia é como que um trigger shot para expiação dos males de um paÃs, ou seja, é mais fácil inculcar as culpas, seja lá do que for, no outro, o desconhecido, do que nos apontarmos na equação. De alguma forma, é humano e animalesco ao mesmo tempo daÃ, atendendo ao facto de estarmos num ponto civilizacional tão avançado, ou pelo menos, presumimos que sim, estes actos, animalescos, já não têm razão de ser. Os emigrantes são uma mais valia para qualquer paÃs se as autoridades desse paÃs souberem tirar proveito disso.
Durante muito tempo foi-nos incutida a noção de paÃs, nação num espaço fÃsico e concreto, estanque. Hoje em dia, com o advento da comunicação, os paÃses são as respectivas culturas e as pessoas que vestem e representam essa cultura, como tal, somos, quer queiramos quer não, cidadãos do mundo.
Sem comentários:
Enviar um comentário