segunda-feira, julho 12, 2004

A fala do índio

Sempre me deixei seduzir pela Liberdade, ela puxava de mim a mais profunda devoção. Quando era miúdo via os westerns esperando sempre que os índios ganhassem. No entanto, os westerns, invariavelmente mostravam o “triunfo� da civilização branca sobre aqueles que caracterizavam como maltrapilhos, os índios. Foi partir daí que comecei a nutrir uma enorme curiosidade sobre os índios norte-americanos, mais propriamente, acerca do modo de vida e espiritualidade desses povos ancestrais, desenvolvi um sentido de justiça.
Li alguns livros sobre os índios norte-americanos, como eles foram uma nação, corrijo, várias nações orgulhosas do seu passado e do seu modo de vida. A chegada do Homem de Clóvis, ao continente Norte-Americano, marca a cultura e a forma de vida dos índios norte-americanos tal como a conhecemos actualmente através dos livros de história, e não, de histórias de almanaque entenda-se. Seduziu-me sempre a forma, harmoniosa, como os índios, das várias nações índias norte-americanas, viviam em profunda espiritualidade com a terra e os animais, sagrados, membros plenos de um ciclo de vida no qual o Homem fazia parte, não sendo o todo ou o topo como agora pensa que é.
Admirei sempre a forma prudente como os chefes índios tomavam as suas decisões e também, a forma dura e resoluta como as aplicavam. Nunca esquecendo o Povo e a sua cultura, faziam a guerra, não de uma forma leviana mas sim, de uma forma última em causa que estava sempre a sua sobrevivência e a sua cultura. Gostava que no nosso país, os nossos chefes ouvissem o Grande Espírito, os antepassados, o seu povo. Vou transcrever uma citação de um chefe índio que, apesar de ter sido proferida no século XIX, é actual e mostra o porquê do tão grande respeito e simpatia que tenho por aquela cultura.:

“ O homem sentado no chão, em seu tipi, meditando na vida e no sentido que ela tem, aceitando o parentesco com todas as criaturas e reconhecendo a unidade das coisas do Universo, instilava no seu ser a verdadeira essência da civilização. E quando o homem nativo abandonou essa forma de desenvolvimento, o crescimento da sua humanização viu-se retardado.�

De Lutero Urso em Pé

Tenho muita pena que, em Portugal, os nossos chefes, como o Presidente da República por exemplo, tenham entendido que não deveriam ouvir o seu povo e os seus antepassados na anterior decisão de não convocação de eleições antecipadas, retardando assim o nosso processo de humanização e definhando a democracia.

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