A entrevista de Judite Sousa a Francisco Lousã, ontem à noite na RTP 1, marcou-me por dois motivos muito distintos, ou antes, houve dois aspectos da entrevista que me marcaram. O primeiro aspecto que me marcou foi a Judite Sousa, não pode deixar de evitar a frustração patente no olhar lacrimante quando bombardeava Francisco Lousã com perguntas movidas pelo preconceito que o Bloco de Esquerda faz oposição pelo “ gozo “ de criticar por criticar. Francisco Lousã por sua vez respondeu sempre com alternativas, propostas, ideias e não, como é apanágio de alguns partidos polÃticos, e de também, polÃticos portugueses, retórica polÃtica, barata, que não vale nada. Por momentos vi, a Judite Sousa, como a embaixadora do establishment português que tanto nos sufoca actualmente. O segundo aspecto, mais importante no meu ver que o primeiro, foi, a imagem de uma esquerda, esta sim, renovada, virada para as necessidades actuais, personificada por Francisco Lousã.
Os aspectos que referi anteriormente provocaram em mim uma necessidade premente em concretizar uma série de ideias, anteriormente cogitadas mas não devidamente formuladas. Ver um polÃtico de esquerda que advoga a liberdade de todos os indivÃduos por inteiro, sem fazer distinções nem privilegiar aqueles que por natureza ou estatuto adquirido, não precisam de serem protegidos, fez acreditar, ainda mais que, é possÃvel ter uma sociedade dinâmica em que todos têem igualdade de direitos e oportunidades. O preconceito que alguns têem de pensar que a esquerda pretender “abaterâ€� os ricos para beneficiar os pobres a qualquer custo é, como indiquei anteriormente, um preconceito bacoco e propagandista de direita conservadora. Uma coisa é proporcionar igualdade de oportunidades no acesso a um ensino público de qualidade, e outra é, organizar cocktail de solidariedade balofo no Jet set. O que a esquerda renovada pretende é proporcionar igualdade de oportunidades para todos aqueles que, por um motivo ou outro, ver-se-iam desfavorecidos por não terem meios para crescerem como indivÃduos e darem o tão indispensável contributo ao paÃs, e conseguirem largar o ciclo infindável da pobreza e exclusão. Não é necessária a solidariedade balofa, a esmola, o que os mais desfavorecidos necessitam é de terem o apoio necessário para viverem condignamente e crescerem. Só de pensar na quantidade de pessoas que neste paÃs abandonam os estudos por falta de meios, e imaginar o quanto se desperdiçou, em termos de capital intelectual, assusta-me.
Houve um aspecto com o qual eu discordei no que Francisco Lousã disse, que foi, quando respondeu à pergunta de Judite acerca do que seria a proposta do Bloco de Esquerda para renovação de modelo económico para Portugal, dizendo que Portugal não poderá competir com a China por exemplo no fabrico de DVD´s, devendo sim competir na produção de produtos mais avançados tecnologicamente ou de qualidade acrescentada. Quanto a isso, na essência, concordo pois, o quadro internacional actualmente, não permite isso mesmo devido aos salários baixos praticados na China. Não posso deixar de discordar com o que Francisco Lousã disse por um motivo simples. O problema dos outros também é nosso problema bem vistas as coisas. Pensar que a China pode produzir produtos a tão baixo preço apenas porque é assim mesmo está errado pois, não podemos esquecer do porquê desses produtos estarem a ser produzidos a tão baixo preço. DaÃ, qualquer modelo económico que assente num prisma da inevitabilidade dos paÃses do terceiro mundo só serem competitivos devido aos salários está errado. Cada fábrica que abre num paÃs do Terceiro Mundo para aproveitar apenas os salários baixos e, chocantemente, estarem desprovidas das mais básicas condições de trabalho, prejudica o Terceiro Mundo, agudizando o fosso e, prejudica também os paÃses mais desenvolvidos pela perda de postos de trabalho. Aqui aflorei aspectos como a globalização, o fosso entre paÃses desenvolvidos e o terceiro mundo mas não irei, aqui, aprofundar mais os temas, remeto isso para futuros posts.
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