domingo, agosto 01, 2004

Eu e o Barão Vermelho

Ontem tive a felicidade de poder, novamente, privar com a companhia de meu avô, o Sr. Américo Oliveirinha (saí ao neto), os 86 anos de idade de meu avô em nada lhe retiraram a frescura mental que sempre o caracterizou. Entre conversas sobre Angola e o tempo em que lá esteve, aflorou à memória um episódio marcante da minha infância. Certo dia, quando o meu avô me levou à Base aérea de Sintra, onde era responsável pela manutenção e reabilitação de todos os aviões do Museu do Ar, eu fui com ele. Tinha 8 anos e já de então, a minha perícia no manche do avião era notável. Sentei-me num biplano de fabrico francês e, assim que descolei, tive um encontro entusiasmante, daqueles que todos os jovens pilotos de guerra anseiam, com o Barão Vermelho. A dog fight durou toda a manhã, tive que me esquivar das balas disparadas pelo avião, triplano vermelho, de tão pérfido herói do eixo do mal, mas venci, ou melhor, a fome venceu-me e o meu avô deu-me ordem para regressar à base. Após tão acesa luta, o descanso do guerreiro, merecido, e acompanhado com o meu avô, ele também guerreiro de outras lutas.
É impressionante o detalhe e a precisão das histórias mais recondidas que o meu avô tem da minha infância e da dele. À tarde passei directamente para uma nova era da aviação, o jacto. Aí tive a oportunidade de ver os aviões mais modernos mas, apesar da tecnologia maravilhar qualquer um, não apreciei muito. A sensação de lutar no ar contra um inimigo que, olhos nos olhos, pode ser confrontado, sempre me entusiasmou muito mais. Foi um dia mágico para mim, jamais me irei esquecer, e o Barão Vermelho também não, acabei por o derrotar a caminho de casa, no ford cortina branco do meu avô.
Américo Oliveira, natural de Aveiro, órfão de Pai desde os 3 anitos de idade, Socialista de velha guarda, viajou pelos sete cantos do mundo, tem imensas histórias para contar. Obrigado avô.

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