sexta-feira, agosto 06, 2004

Economia essa ciência do "oculto"

Ontem, devido a insónias causadas pelo calor excessivo, fui ver um pouco de televisão e, na SIC notícias, tive a oportunidade de ver dois comentadores de Economia, o João César das Neves e Guilherme Oliveira ex-ministro das finanças do último governo rosa. A uma dada altura, João César das Neves, disse que os governos estragam mais do que ajudam a economia. Isto porque, e segundo este, a economia é gerida por mercados que são compostos por pessoas e, naturalmente segundo este, nenhum governo consegue comandar a vontade e comportamentos de 10 milhões de pessoas, fazendo referência a Portugal. Ora bem, num ponto de vista meramente académico, logo teórico, não deixa de ser verdade, pois, há comportamentos de consumo que não são directamente “controlados� por nenhum governo, no entanto, existem políticas governamentais que influenciam a conjectura económica. No entanto, há algo de certo no que João César das Neves diz, ou seja, num ponto de vista estrutural, a vontade e forma de pensar dos investidores e dos contribuintes, influência de uma forma determinante o estado da economia, logo, aí o governo não terá um papel tão determinante quanto muitos julgam.
Quando num país como é o caso de Portugal em que, fugir aos impostos é norma doutrinária da maioria dos contribuintes, é claro que, nenhum governo pode personificar-se como a razão de todos os males. Por outro lado, temos que ver que a atitude e forma de estar do empresariado português não é a correcta. Isto explica-se porque a maioria dos empresários acha que a necessidade de investimento tem que ser, sempre, complementada por subsídios e ajudas do Estado. O Estado deve criar os meios para que a economia funcione de uma forma correcta e dinâmica mas, somente, do ponto de vista da função pública que, deve ser, rápida e célere na execução de todos os actos necessário e imprescindíveis para o bom funcionamento de um país.
Em conclusão, enquanto o empresário médio português pensar que pode fugir sempre aos impostos por não haver fiscalização minimamente eficaz e, por outro lado, a Função Pública funcionar da forma como tem vindo a funcionar, Portugal, do ponto de vista económico-estrutural, não poderá vislumbrar um futuro muito risonho. Por último, temos que ver o comportamento dos contribuintes em geral, enquanto não se deixar de fugir aos impostos como forma de vida, o Estado, que tem sempre as costas largas, não poderá funcionar da forma mais eficaz. Qualquer das vias, é necessário dizer que gastando vários milhares de Euros em submarinos não é a forma mais racional para um correcto funcionamento de um Estado que pretende a prossecução da satisfação das necessidades mais elementares de uma nação. A economia, por vezes, entra em campos que diremos, do oculto e do misticismo mas, diga-se em abono da verdade, tem regras que são básicas, ou seja, se não entra dinheiro, também não pode sair.

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