quarta-feira, agosto 18, 2004

Teve que ser, não pude evitar

Escrever textos na blogoesfera tem muito que se lhe diga. Facilmente se criam expectativas, umas falsas outras verdadeiras, em torno da pessoa que escreve e, daí até à subversão completa daquilo que se escreve, é pequeno passo. Por vezes, deparamo-nos com situações que, no meu ver, só podem ser explicadas pela pura e simples incapacidade de compreender o que se lê, não que o que se lê esteja mal escrito mas, acima de tudo, porque quando se lê, busca-se sempre algo que apoie a visão mais ou menos distorcida de cada um. Deparei-me hoje com uma situação dessas que, aparentemente, poderá parecer cândida mas que na realidade não é. Para figurar a situação a que me refiro vou fazer uma espécie de metáfora, ou seja, sem indicar explicitamente a situação vou antes recorrer a um exemplo figurativo. Suponhamos que alguém escreve um texto verde e que colhe comentários de opinião porque outrem leu o referido texto e até concorda. Até aqui, aparentemente, tudo está bem mas, bem vistas as coisas, não está quando se verifica que o texto verde, apesar de ser a mistura entre o azul e o amarelo, nada tem a ver com a opinião azul, fruto de uma evolução, poderá ser da mesma família mas não é exactamente a mesma coisa. Nesta situação as clivagens não são evidentes mas existem e na realidade são muito grandes.
Uma coisa é ir contra as teorias nórdicas de uma “raça� superior em relação às meridionais, e a outra é estar contra essa teoria como suporte para a fundamentação de uma teoria que “prove� que os nórdicos estão errados porque os meridionais são superiores. A diferença é de quilómetros e neste caso aplica-se o verde à descontrução, científica e despreconceituosa, da teoria da superioridade nórdica, e a cor azul à teoria de reacção que subverte, dentro da mesma lógica, a teoria de superioridade nórdica com o caminho inverso, ou seja, com a mesma argumentação tentar provar que os meridionais são de facto superiores aos nórdicos. Convínhamos que é no mínimo surrealista.

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