segunda-feira, outubro 18, 2004

On parle futebolês

Cada vez mais é evidente que o futebol nacional é o espelho do país em que vivemos. Não estou a preparar terreno para discutir as cenas lamentáveis que ocorreram no passado Domingo a propósito de mais um clássico Benfica/Porto, no entanto, é curioso ver que a reacção ao jogo de Domingo gerou muito mais polémica e frisom, na população em geral, do que o caso Marcelo Rebelo de Sousa.
Por vezes penso se não será mais democrático o Futebol Português do que propriamente a cena política nacional. No futebol discute-se cartões amarelos ou vermelhos, arbitragens e outros incidentes normais do futebol mas, em contrapartida, o facto é que os cartões, os penalties e as outras situações são aplicadas, ou seja, os cartões amarelos mostram-se, discute-se depois a aplicação dos mesmos mas age-se. Na cena política nacional não, o governo joga em nítido fora de jogo, marca golos com as mãos, agridem-se os jogadores e no entanto não há cartões para ninguém. Onde está a democracia?
As claques, quais hordas de bárbaros, degladiam-se entre si para verem quem é que consegue ser mais Neanderthal que o outro. Trocam mensagens carinhosas entre si, arremessam lembranças e objectos úteis para a vida na caverna (Pedras). Uma coisa que me deixa perplexo é a atenção que é dispensada a estes individuos, ou seja, tipos que vão para um estádio insultar a claque contrária, que levam um arraial de porrada da polícia mas que, mesmo assim, voltam lá sempre para levarem mais porrada, não podem ser levados a sério pois não. Os políticos por sua vez agem de forma semelhante, ou seja, insultam a nossa inteligência, atraiçoam-se uns aos outros, levam porrada nas urnas mas voltam lá sempre para continuar a festa.
Creio que o melhor é colocar os políticos ao lado das claques e depois carregar sobre eles para ver quem é que é mais democrata.

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