quarta-feira, janeiro 19, 2005

Irmãs Madalenas

Os conventos de Maria Madalena na Irlanda eram administrados pelas freiras da Misericórdia em nome da Igreja Católica. Acolhiam raparigas enviadas pelas famílias ou por orfanatos, que ficavam aí encerradas e eram obrigadas a trabalhar para expiar os seus pecados. Pecados das mais diversas naturezas: desde ser mãe solteira a ser demasiado bonita ou demasiado feia, demasiado simples, demasiado inteligente, vítima de violação e por esses pecados trabalhavam sem receber qualquer tipo de remuneração 364 dias por ano, e passavam fome, e eram vítimas de castigos físicos, humilhações, violência física e mental, e separavam-nas dos filhos. As penas que tinham de cumprir eram ilimitadas. Algumas mulheres viveram e morreram nos conventos. O último convento encerrou na Irlanda em 1996. o filme baseia-se no ponto de vista de quatro destas jovens nos anos 60, uma época de libertação de costumes para as mulheres. No entanto, estas jovens católicas viviam num pesadelo quase medieval. O filme explora o desenvolvimentos das suas personalidades, num ambiente controlado e dominado por mulheres virgens, servas de Deus, esposas de Cristo. Cada uma ao seu modo, as jovens tentam revoltar-se e as suas vidas seguem trajectórias distintas. É um filme de ficção, que lamentavelmente se baseia numa história verdadeira.

Aconselho, para quem tem um estômago forte, verem este filme Peter Mullan que retrata as atrocidades cometidas, sobre jovens na Irlanda, em Nome de Deus e da expiação de pecados, pelas Irmãs da Ordem Religiosa das Irmãs de Madalena. Faço qualquer das vias as devida excepção para outras ordens de religiosas que não poderão ser colocadas no mesmo saco.

1 comentário:

Anónimo disse...

Vi o filme ontem à noite e fiquei extremamente constrangido com as cenas de horror que vi. Sou ex.seminarista e estava vendo o filme por recomendação de um outro ex.seminarista e minha mente fez uma viagem pela minha infancia e adolescencia que passei no seminário. Gente as cenas começaram a se confundir com a minha realidade e, por um momento talvez, tive a sensação de experimentar os horrores da arrogancia de conviver com "servos de Deus" que fazem o mal.
Hoje sou um cara normal, porem, tive a minha infancia e juventude ceifada pela Igreja Católica.
Acredito muito em Deus, tenho as minhas orações, mas não sigo nenhuma Igreja. Deus é a minha direção e templos não combinan mais comigo.
Assistam o filme, vale a pena conhecer um pouco a nossa história e as histórias dessas pessoas que viveram e sofreram em nome de um "deus" que, om certeza, não é o meu e nem o seu.

Carlos Cunha