sexta-feira, janeiro 21, 2005

Fazer as Pazes com a História

Sempre achei curioso o fenómeno das excursões de ex-combatentes do Ultramar aos locais para onde foram mobilizados. Homens que foram mobilizados para uma guerra sem sentido, privados de parte da sua juventude, providos de um sentimento nostálgico para com a terra que conheceram da pior e menos auspiciosa forma. Contudo, é curioso verificar o sentimento, talvez um certo apego, aos locais onde estiveram a combater um inimigo que lhes foi oferecido como sendo terrorista. Creio que estamos perante um sentimento tipicamente Português e que, porventura, será difícil igualar por outros povos.
É certo que foram cerca de um milhão de homens, durante todo o período de guerra, para as ex-colónias combaterem os movimentos independentistas dos povos africanos que mantínhamos obstinadamente sob nosso domínio, e que, no meio de uma guerra injusta, cometeram-se alguns excessos e crimes de guerra também convínhamos. No entanto, é curioso verificar como é que homens que combateram em �frica procuram regressar aos locais de combate para acerto da alma. O sentimento é o de terem feito o que lhes foi incumbido fazer com as devidas reservas morais de cada soldado para não cometer os excessos que existiram mas que, felizmente, não foram generalizados. A história tem a tendência de se repetir e a Guerra no Iraque, pelo menos em termos de argumentação de legitimação da guerra, tem contornos idênticos à Guerra Colonial Portuguesa. A questão do “terrorismo� e do policiamento dos territórios sob o domínio demoníaco dos terroristas foi a legitimação, pensava o governo fascista Português, de um conflito sem sentido algum. Actualmente, a Guerra no Iraque, também é enferma na tentativa de legitimação, por parte da Coligação, de uma guerra sem sentido contra o terrorismo, utilizando quase a mesma argumentação. Gostaria de saber se, os militares Norte-Americanos, daqui a uns anos, farão “excursões� ao Iraque para fazer as pazes com a História.

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