Por vezes, no Ocidente, e em especial no Extremo Ocidente, denominação que é atribuÃda por amigo meu quando se refere aos Estados Unidos, há a tentação de equacionar algumas questões como sendo do foro Internacional apenas pelo facto de se pensar que, nos paÃses de Terceiro Mundo, os locais, não são capazes, de todo, gerir os recursos naturais. Esta visão é, obviamente, enferma de um erro de cálculo, gravÃssimo, que reside no facto de se esquecer, continuamente, que um dos maiores problemas dos paÃses do Terceiro Mundo reside na exploração gananciosa, por parte dos paÃses “desenvolvidosâ€�, dos recursos naturais. DaÃ, recebi por email a transcrição de um discurso, proferido pelo Ministro da Educação do Brasil, aquando de uma palestra promovida por uma Universidade Norte-Americana. O tema da palestra era a possÃvel Internacionalização da Floresta Amazónica, tema que tem vindo a suscitar bastantes palestras e palavras “muy dotasâ€� proferidas por alguns iluminados Norte-Americanos que pensam que o Mundo seria muito infeliz se não existissem os Estados Unidos. Se eles soubessem….Eis a transcrição do discurso do Ministro da Educação Brasileiro a propósito do tema mencionado anteriormente. Tudo isto foi originado pela esperteza saloia de um aluno Norte-Americano quando coloca a questão da Internacionalização da Floresta Amazónica da seguinte forma: Responda como Humanista e não como Brasileiro, o que acha da Internacionalização da Floresta Amazónica?
Eis a resposta a tamanha esperteza saloia:
"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade. Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos paÃses ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um paÃs. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar paÃses inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de Todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruÃdo pelo gosto de um proprietário ou de um paÃs. Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de paÃses tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que NovaYork, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos, Manhatan, deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, BrasÃlia, Recife, cada cidade, com sua beleza especÃfica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os Arsenais nucleares dos EUA até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dÃvida. Comecemos usando essa dÃvida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o paÃs onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa!"
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