domingo, abril 17, 2005

A unidade cultural europeia

Já muitos referiram a existência de um fio condutor cultural que une os vários países europeus e vêem nesse fio condutor um elo quase maternal de ligação entre os vários países europeus como se de uma unidade cultural cerrada se tratasse. Quando colocada a questão desta forma, ou seja, será a Europa um continente unido culturalmente entre vários países que o compõem, existindo de facto uma ligação cultural estreita entre os vários países europeus? Eu responderia assim:

1º De facto existe uma unidade cultural entre os vários países europeus que advêm da influência que a religião judaico-cristã imprimiu na cultura dos vários povos europeus.

2º Temos que verificar que, apesar de andarem lado a lado, e uma determinar a outra, sociedade e cultura podem ser algo distintas entre si dentro da mesma sociedade. O dia a dia de uma determinada cidade ou região não atesta uma diferença cultural em comparação com uma outra cidade ou região de um outro país. A diferença cultural verifica-se noutros aspectos que têm a ver com a percepção dos valores sociais instituídos na sociedade que, é importante referir, estão impregnados de influência judaico-cristã. Não podemos inculcar um juízo de valor sobre uma determinada sociedade por esta apresentar numa cidade ou região um determinado padrão de organização territorial moderna. Podemos sim, verificar isso no interior das casas, ou melhor, na forma como o espaço interior de uma casa está ordenado como influência de uma determinada cultura. A Proxemia estuda este aspecto interessante que é a influência que uma determinada cultura tem sob a organização do espaço. Um exemplo curioso desta relação organização do espaço/cultura são os jardins japoneses em que, ao contrário dos jardins europeus, a beleza está no contraste entre quente/frio e húmido/seco e luz/escuridão, ao passo que, nos jardins europeus, a beleza reside na perfusão das cores como alusão subjacente ao Éden. Tudo isto para dizer apenas que, desenvolvimento não é só organização territorial das cidades ou espaços urbanos mas sim também a preocupação que é exposta por tentar organizar um espaço para que não haja fricções nem mal-estar. Neste aspecto, a Alemanha bate aos pontos muitos países europeus, já para não falar do péssimo exemplo que é Portugal neste aspecto em concreto, no entanto, a diferença cultural entre Portugal e a Alemanha não se verifica apenas através disto. Um exemplo logo ao lado da Alemanha, a Holanda que é culturalmente muito próxima da Alemanha, a organização territorial das cidades é por vezes caótica bem como o trânsito. O que poderemos extrair destes exemplos? A vida moderna trouxe uma série de inovações muito interessantes no que concerne a evolução dos valores sociais instituídos, ou seja, não há nenhum salmo na Bíblia que diz para darmos a prioridade a quem se apresenta pela direita nem a quem se aproxima de bicicleta, logo, os valores sociais criados ou os antigos valores instituídos estão neste aspecto virgens podendo desta forma serem moldados sobre autoridade delegada pelo povo a quem os representa, o Governo. Aqui é que está a diferença substancial entre a Alemanha e Portugal, ou seja, aquando da organização territorial os alemães por vezes sacrificaram as suas pretensões pessoais de espaço e território individual em prol de uma causa comum, o seu país. Portugal não foi exemplo disso, pelo contrário, temos casos de estradas com curvas sinuosas para se respeitar a propriedade privada de um qualquer cacique de aldeia que não quis ver o seu meio hectare de vinha estragado.

3º A unidade cultural europeia existe na bárbarie latente de todos os povos europeus. Isso mesmo, somos bárbaros afortunados por termos tido a felicidade de termos entre nós alguns iluminados que conseguiram levar avante as suas ideias e filosofias. Ainda hoje, séculos após os conflitos tribais que se deram na Europa, ainda nos guerreamos entre povos com uma agravante, adoramos a guerra e o conflito gratuito. As cenas de pancadaria entre povos em jogos de futebol ou mesmo entre o mesmo povo é regra comum na Europa. O branco é guerreiro e bárbaro quer queiramos quer não, custa admitir mas a história e os acontecimentos actuais mostram-nos cada vez mais isso.

Nota à navegação: Isto é resultado de uma desvaneio pessoal do autor e da sua experiência em alguns países europeus, logo, não deixa de ser uma opinião pessoal.

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