quinta-feira, abril 28, 2005

Civilizacionismo e os Agnósticos

Crê-se por vezes que o excesso de determinismo é o inimigo da criatividade ou da imaginação livre por cingir as coisas, ou melhor, o pensamento, dentro de parâmetros rígidos intransponíveis mas, esse mesmo determinismo, é absolutamente necessário como pedra toque para o desenvolvimento de ideias que definirão uma qualquer pessoa. Deparamo-nos com situações em que estas podem ser pretas e brancas, transparentes e opacas mas seguimos em frente, eliminamos esses obstáculos e definimos as nossas ideias. Sempre fui um adepto convicto da coerência e do livre pensamento sempre que possível porque, nesta vida, vivemos sempre com os chamados imponderáveis, as tais situações que são pretas e brancas ao mesmo tempo. Não tenho qualquer tipo de juízo de valor acerca de pessoas que se intitulam como crentes de uma qualquer religião desde que sejam coerentes e tendo sobre a matéria, como em outras questões essenciais à vida, o espírito autocrítico que liberta a mente para a aprendizagem e seu desenvolvimento pleno.
O agnosticismo é um sistema filosófico que prevê que alguém não se pronuncie acerca de uma qualquer matéria, neste caso assuntos relacionados com a origem da vida e também religião, e dessa forma adopte uma posição abstencionista acerca da religião. A dúvida acerca de muitos assuntos relacionados com a vida e outras premissas, para mim, não são um fim mas sim um princípio que despoleta o pensamento, a análise, a crítica que leva ao pensamento e consequentemente à ideia ou juízo de valor acerca de algo. Neste caso, os agnósticos, são como os abstencionistas de uma qualquer decisão de uma qualquer opinião mas que se sentem suficientemente à vontade, o que é estranho, para falar acerca dos assuntos aos quais se abstiveram. Ser-se agnóstico para se ser quase ateu, quase crente consoante as necessidades do discurso é, para mim, uma desculpa para a falta de ideias ou pensamentos. Ouvir um agnóstico a falar da importância actual da Igreja Católica no Civilizacionismo tão emergente, por necessário, face à criação da União Europeia e a ascensão da China é uma desonestidade intelectual a meu ver. A eleição deste novo Papa como resposta ao tão necessário civilizacionismo europeu por perda de valores que não sendo afirmado está implícito, é tão grave quanto dizer que a Inquisição foi uma forma de Civilizacionismo necessária, já para não falar no colonialismo.
Todas as culturas viveram com a ruptura e criação de novos valores ou abordagens novas aos valores instituídos, isso, é uma certeza inabalável que fez com que a Humanidade tivesse descido das árvores para o solo e deixasse de comer bananas a não ser nos banana split. O papel da Igreja no quadro actual da formação da cultura europeia é o de se renovar sob pena de se deixar para trás definitivamente. De resto, a ICAR, já teve a influência nefasta que chegasse na cultura europeia já chega.

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