Nasci num paÃs, que não Portugal, mas que, na altura, era considerado pelo regime vigente em Portugal como uma provÃncia Portuguesa. Como podem ver nasci numa provÃncia que por si só era um equÃvoco como provÃncia mas uma certeza como paÃs independente que se tornou anos mais tarde felizmente. Mais tarde estudei várias Ciências Sociais e Humanas e, a minha visão acerca desta história toda de patriotismo e nacionalismo alterou-se radicalmente e, actualmente, vejo-me como uma pessoa diferente por isso e mais positiva em certos aspectos. A minha opinião acerca de Portugal é diferente de muitos outros compatriotas meus, apesar de respeitar as opiniões dos outros, a minha é diametralmente diferente e por um motivo muito simples. Não acredito no fatalismo crónico Português nem na auto-flagelação constante a que muitos se devotam quando observam o quão mal está Portugal. A minha noção de pertença não se enquadra numa noção clássica de paÃs, pelo que, digo que pertenço a uma comunidade que se chama Portugal com a sua cultura que lhe é caracterÃstica.
Obviamente que apoiar-se uma qualquer iniciativa ou personalidade mesmo que não se concorde com isso ou com a personalidade em causa, mas fazê-lo mesmo assim apenas porque é Português, é intelectualmente desonesto.
Tenho uma relação com a comunidade em que vivo quase maternal, ralho, agasto-me por vezes, grito e faço trinta por uma linha mas faço-o porque preocupo-me com a comunidade em que vivo. Tenho brio e orgulho e a mim custa-me admitir que há paÃses mais desenvolvidos que Portugal mas, aparentemente, Portugal poderia perfeitamente ombrear com esses paÃses com as capacidades que tem mas não o faz ( aà Portugal, Portugal o que é que estás à espera). Chamo o meu paÃs pelo segundo nome, como as mães o fazem aos filhos que se portam mal. Portugal é o seu nome, dos pequeninos, o seu segundo nome, é isso mesmo Portugal é o Portugal dos pequeninos quando vemos os estado actual das coisas.
Por vezes assusto-me com as pessoas que pensam que nos outros paÃses é que há tudo do bom e do melhor e que, quase como por magia, esses paÃses, atingiram o nÃvel de desenvolvimento que detêm actualmente. Nesses paÃses, a uma dada altura, uma minoria imprimiu o ritmo para a mudança e a restante maralha não teve outro remédio senão acompanhar os tempos de mudança. Por cá, o fatalismo crónico português, faz-nos pensar que as coisas são assim e assim ficaram porque é o nosso destino, o nosso Fado. Não pensem que me insurjo contra quem diga que Portugal está mal, e muito diga-se de passagem, apenas me insurjo pela incorrecta utilização do verbo que reflecte a incapacidade que o população Portuguesa tem em mobilizar-se contra aqueles que roubam e se aproveitam do PaÃs. Neste caso, caro Tiago, concordo contigo quando criticas o estado actual de coisas no paÃs mas contraponho apenas com o seguinte: Portugal está mal, não é mau. Esta diferença aparentemente semântica, é mais profunda do que isso. Portugal está mal mas eu quero que mude, quero denunciar o que está mal, quero utilizar como exemplo o que está bem e o bom que se faz neste paÃs, porque, como já disse, tenho uma relação profunda com a comunidade a que pertenço, ela sou eu e eu sou ela.
Compreendo o agastamento com Portugal mas é tempo de deixar de lamúrias improducentes e seguir em frente, participar, lutar e mudar, essencialmente, mudar. Não ficar cego com os primeiros lugares nos jogos sem fronteiras, não alimentar gulosos como aqueles que governaram desde o 25 de Abril até à data e participar mais activamente na sociedade. De resto, sim Portugal está mal, muito mal mas nem tudo é mau, nem tudo é bom e nada actualmente serve de exemplo para o paÃs que eu quero no futuro.
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