quarta-feira, dezembro 14, 2005

Mistérios Insondáveis

Há coisas que para mim são um mistério absoluto. Coisas que, por vezes, apesar de serem explicadas escapam completamente à razoabilidade pois, essas coisas explicadas, são do conhecimento geral de todos mas, todavia, as pessoas insistem a incorrerem nos mesmos erros de sempre. Os dados acerca da violência doméstica são negros em Portugal e também noutros países, no entanto, há um denominador comum. Em todos os casos de violência doméstica os maus tratos são reiterados e contínuos durante vários anos, ou seja, na generalidade, as mulheres vítimas de maus tratos só reportam estes casos após vários anos de abusos. Se por um lado se pode explicar esta situação pelo peso que a educação machista a que as gerações que cresceram antes e durante os anos setenta, por outro lado, não é explicável quando enquadrada em pessoas mais jovens e que são, sem dúvida neste aspecto, mais esclarecidas acerca do seu papel na sociedade, como mulheres, e quais as responsabilidades, direitos e obrigações enquanto parte de um casal. Devo salientar que a igualdade de tratamento entre homens e mulheres ainda não é o que deveria ser e que há muito a fazer, no entanto, já não estamos nos anos sessenta com o papel esclusivo de Fada do Lar dado à mulher, ou estamos?
De várias conversas que tenho tido com amigos e amigas que estão nesse imaculado e intocável estado matrimonial, com ou sem papéis, o que eu verifico é que as mulheres aturam muito mais impropérios e brigas do que propriamente os homens. Parece que para as mulheres o importante é agarrarem-se de unhas e dentes a um relacionamento que não é saudável mas que, segundo elas, é importante manter-se por uma questão de segurança. Segurança? o que é isto? Ter sempre alguém em casa quando se chega do trabalho mesmo que seja, invariavelmente, para se brigar sobre assuntos que não merecem ser discutidos quanto mais se brigar por causa disso? Há outro aspecto que é importante salientar que é o facto de as mulheres pensarem, ao mesmo tempo que os homens, que o facto de viverem juntos e haver "responsabilidades" poderá produzir alterações subtanciais ao seu parceiro para melhor. É certo que alguma coisa muda na nossa vivência quando vivemos juntos com alguém e viver com alguém é também um "jogo" de cedências implícitas mas que surgem de uma forma espontânea, e como tal, a vivência é possível e saudável. No entanto, quando ninguém pretende alterar a sua forma de ser, o relacionamento, não altera por si só, ou seja, é altura de se rever muito cuidadosamente toda a estrutura do relacionamento, o que é o mesmo que dizer, curtam enquanto durar porque está condenado a acabar violentamente se nos apercebermos disso tarde demais. Para piorar a situação e sem generalizar muito porque nem todos somos iguais felizmente, há quem pense que um filho poderá produzir as alterações no seu parceiro que o próprio realcionamento não conseguiu produzir. Resultado? Divórcio, filhos com pais a tempos espaçados e mulheres amarguradas com elas e com a vida.

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