segunda-feira, fevereiro 05, 2007

O meu voto no próximo referendo

Acerca do Aborto já ouvi demasiadas atrocidades e, regra geral, as discussões fogem da questão central e essencial. Antes de revelar a minha posição acerca deste referendo devo salientar que, antes demais, sou partidário da Liberdade de expressão e pensamento, inclusivamente, e isso é que é essencial, das opiniões contrárias. Quero sublinhar que respeito as convições pessoais e religiosas de cada um e faço-o porque acredito com muita convicção na Liberdade. Não quero, nem vou, discutir se há vida ou não até às 10 semanas de gestação porque essa questão é, e como sou um adepto fervoroso da Liberdade, do foro íntimo de cada um que, com o seu referencial moral, julga cque há ou não vida. Isto é inabalável, é sólido como uma rocha, e como tal, a minha decisão acerca do referendo assenta sobre a Liberdade mais do que tentar discutir questão íntimas do foro moral de cada um. Nessa medida, acredito e quero para o meu país uma sociedade que é tolerante e acima de tudo, uma sociedade que se dá ao respeito por quem a compõe, os cidadãos. Nesta medida, votar numa opção que não restringa a liberdade de pensar e ter um quadro referencial moral diferente de outros é uma questão emergente, urgente e imprescindível para uma sociedade civilizada. Votar Não é estar a impôr em outrém, através da figura do Estado com os seus meios, o Código Penal, a referência moral destes sob os demais que, livremente, têem o direito de pensar de outra forma. Se há quem julgue que interromper a gravidez é tirar uma vida independentemente de estar na décima semana ou não, é lícito concerteza pensar que é assim como convicção moral própria e não como uma certeza inabalável e transversal a todas as diferentes consciências. O que não é lícito é impingir esse referencial moral a quem, no seu direito consagrado na Constituição, tem o direito de pensar o contrário. Acredito que seja complicado perceber como será possível que alguém tome como hipótese a realização de um aborto, para mim é também, mas o que a mim é pacífico é o facto de eu ter a obrigação moral de aceitar que há algures alguém que, em consciência, pense de uma forma diferente mas que, acima de tudo, tem o direito de seguir em consciência o exercício de uma opção, que não é fácil, com dignidade e sem colocar em risco de vida a mulher. Porque é que voto SIM apesar de nunca colocar como possível a realização de um aborto a uma companheira minha? Porque uma questão de coerência e de Liberdade. Não posso continuar a enterrar a cabeça na areia e fingir que não acontece, mesmo que, não haja pena efectiva em caso de aborto porque, e numa questão de coerência, se é de subtracção de vida que se trata, então, o quadro penal deveria ser outro, sejam coerentes!!! Essencialmente tenho o dever de respeitar quem, em consciência, tenha uma opinião diferente porque, poderei discordar mas nunca poderei criminalizar alguém por ter uma opinião diferente da minha. Não consigo sequer expressar a angústia que sinto por ver pessoas a esgrimirem argumentos em favor do Não com recurso a chantagem emocional e a demagogia. Estamos, com este referendo, a falar acerca da despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas,que quer dizer dizer liberalização. Não podemos pensar que pelo facto d haver a despenalização que irá haver uma correria aos hospitais para abortar porque não haverá. O que haverá são desmanchos como sempre existiram e existirão mas com recurso a condições higiénicas e de segurança condignas da condição humana.

Quanto à Igreja Católica, que não os façam e que usem o que têem entre as pernas para procriar apenas e sigam as palavras do vosso Papa. Quanto ao resto estejam calados e respietem quem tem uma opinião contrária porque respeitamos a Igreja Católica apesar de todos os males que já nos provocaram.

Quanto à recente proposta dos desnorteados partidários do Não, pareceu-me haver um certo desnorte, de substituir as penas de prisão por serviço comunitário, devo dizer quer, dizer-se que uma lei deverá continuar porque ninguém a aplica e quando a aplica é para estigmatizar quem cometeu a infracção é ridículo e desrespeitante da condição humana.

Quanto ao Basquetebolista frustrado e actual Lider do PSD quando diz que este referendo não deverá ser partidarizado, este, deverá ter mais cuidado com os anúncios de campanha da responsabilidade do PSD na rádio indicando que é preservando a vida é que se resolve a questão do Aborto. Idiota chapado, sim o mesmo que votou a actual pergunta e que vem agora com fait-divers acerca da pergunta!!!

Por último, concordo com os partidários do Voto Não quando dizem que a despenalização per si não irá resolver a questão do aborto. O que não conseguem compreender é que a despenalização do aborto é um passo que deverá ser acompanhado de outros passos e não, como pretendem os partidários do Não, continuar a enfiar a cabeça na areia feito avestruz e fingir que nada aconteçe mantendo a actual Lei que permite o aborto clandestino sem condições e lucrativo para algumas clínicas em Portugal, diga-se em abono da verdade. Por falar em serviço comunitário, a todos os padres que já, em confessionário, impingiram a urgência de um aborto clandestino a jovens moças salváveis das chamas eternas do Inferno, não há serviço comunitário que os valha.


Eu voto SIM!!!

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