quinta-feira, fevereiro 02, 2006

A escolha

Sempre gostei de ler ou ouvir uma opinião incisiva, ou seja, uma opinião que vá direito ao coração da questão como uma espada no coração da besta. Um golpe directo de uma morte instantânea a uma questão que facilmente poderia perdurar, em agonia, por ser multifacetada mas que, por via de uma visão rápida e pragmática, foi atingida no seu ponto vital e debelada, o cerne da mesma. Esta semana foi marcada por vários acontecimentos entre os quais a tentativa daquele casal lésbico em ver reconhecido o seu casamento. Desde já devo endereçar as minhas saudações a esse casal pela coragem demonstrada ao aceitarem o desafio de perturbar o mar tranquilo da discriminação que existe em Portugal. Este post, no entanto, é uma reacção a um post do Adufe onde era feita referência da opinião que Pacheco Pereira tem acerca deste assunto e que, mais uma vez como homem de Direita que é, a meu ver, falhou rotundamente a estucada e o Besta continua em agonia.
Acerca do casamento entre homossexuais é fácil entramos numa conversa redundante do neo-conservadorismo, que alguns acusam os casais homossexuais, pelo facto de quererem utilizar essa velha e secular Instituição, o casamento, quando dispõem das Uniões de Facto em alternativa. �gua!!! Falhou um tiro num Porta-aviões! A questão fulcral em torno disto é a possibilidade de escolha, ou melhor, a inexistência dela pelo facto de se discriminar, Institucionalmente, uma opção sexual de dois cidadãos que têm igualdade de direitos com os demais. Quem tem uma visão de Direita acerca deste ou de outros assuntos, perdoem-me a generalização mas sou forçado cada vez mais a fazê-la, peca por cair incessantemente no “pecado� de julgarem os referenciais morais dos demais. Que eu, que sou Heterossexual, considere a Instituição Casamento como algo descontextualizado e por isso não queira alguma vez entrar nisso, é lícito, a mim que sou Heterossexual mas porque é que não será a alguém que, em igualdade de direitos consagrados na Constituição Portuguesa, não tem essa prerrogativa de escolher apenas pelo facto de ter uma opção sexual diferente? Será o meu referencial moral inculcável aos demais concidadãos? Seremos todos nós iguais? O Casamento, o que é? Velha Instituição Heterossexual assente nos votos de amor eterno entre duas pessoas de sexos diferentes e que por isso são monogâmicas a vida inteira? Será?! A escolha, a opção, essa sim deverá ser a Instituição que todos nós deveremos preservar porque, a outra, o Casamento, só lá vai quem quiser.

Sem comentários: