Quando numa noite qualquer nos damos à beira mar inundados pela maré alta de um mar chamado tédio, um grupo de Lisboetas puros e duros com as suas observações no género tão tÃpico que isto é, não constituà uma noite promissora a não ser que, essa noite, termine em casa de pessoal amigo a fazer omeletes até à seis da manhã. Enquanto se devota algum do nosso tempo a cozinhar, ou algo parecido com isso atendendo à falta de talento e prática dos artistas, cria-se uma atmosfera de bonding bastante proveitosa. Enquanto a conversa se alonga e a cerveja escorrega goela abaixo, a lÃngua solta-se e o espÃrito cria. È bastante satisfatório ouvir de um amigo que este está apaixonado por uma mulher, boa pessoa ao que me dá a parecer, e é correspondido. Claro está que o campeonato aqui é diferente e já não há lugar para amadorismo mas sim, de certa forma, profissionalismo. É complicado falar com muitas mulheres acerca do que é a diferença entre amor e sexo apesar das duas coisas andarem lado a lado por vezes, o que, faz-nos recordar o papel submisso a que estão devotadas e quase hipnotizadas as mulheres portuguesas.
Há a concepção, do ponto de vista sexual, que o homem “comeâ€�, fazendo uso do vernáculo tão gracioso que dispomos, e que a mulher é que é “comidaâ€� quando, na verdade, a situação é invertida por natureza. A mulher escolhe, o Homem aproveita todas as oportunidades que tem para espalhar a sua semente por assim dizer. Isto faz-me pensar seriamente acerca do que é ainda o papel dominador do Homem sob a Mulher e, decompondo a situação, perceber que é a mulher que ainda não se libertou desse papel em vez de ser o Homem a forçar essa condição à Mulher. Porque é que a um Homem dizer para este sair à noite e comer uma mulher é natural e a para uma Mulher não? A maior parte das mulheres que conheci ou com quem tive um contacto mais Ãntimo encaixavam neste protótipo de submissão, ou seja, tinham o seu emprego, a sua independência mas ansiavam o papel tradicional e tÃpico da mulher Portuguesa, a fada do lar. Não as condeno de forma alguma, cada qual vive a sua vida como entende mas como é que se cria uma relação entre alguém que é independente e outrem que é agora mas pretende ser mais tarde dependente? Uma vez aconselhei uma grande amiga minha, vinda de um relacionamento que não resultou, a sair à noite e seduzir um Homem, ou seja, ter sexo, apenas isso, sexo. A reacção foi de estupefacção minha e dela. A dela por não conseguir ver-se livre o estereotipo e a minha de ver essa reacção de uma mulher que se apregoava como independente. Não pretendo estimular o sexo em detrimento do amor mas as duas coisas andam lado a lado por vezes, e de outras vezes, não. É normal e natural que haja sexo somente entre duas pessoas, o amor é uma relação intrincada que também tem contacto fÃsico. No plano da conversa muitas mulheres aceitam esta evidência, no dia a dia, procuram o seu papel de mulher imposto pela sociedade. Para quando a libertação das mulheres do seu próprio jugo castrante de fada do lar?
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