terça-feira, agosto 11, 2009
Gangsters e caramelos de fruta
Sempre gostei dos mais fracos, dos oprimidos e dos vilões. Nos filmes de cowboys torcia sempre pelos índios e nos filmes de gansters, o gangster, sempre o vi como um alter ego do que apetecia ser de cada vez que a minha professora da primária me perguntava pelos trabalhos de casa. Irromperia por aquela sala fria da minha escola com uma Tommygun e passava o resto da minha vida a fugir mundo a fora fazendo o que bem me apetecia e a comer todos os caramelos de fruta que eu pudesse e aguentasse claro está. Os filmes de gansters mostravam um deliquente querido do público, que tinha valores morais pois só roubava dinheiro do banco e nunca dos clientes que, enfim, que tinha desculpa por ser traquinas como eu e toda a miudagem queria ser e o era afinal. Parece que havia uma reserva moral para fazer o que estava errado porque, fora dessa reserva, seriamos sempre os policias e nunca os ladrões entenda-se. Podia contestar o poder chato da minha professora que me exigia os trabalhos de casa feitos sabendo muito bem que depois da escola eu tinha que ter uma vida de gangster a fugir dos polícias maus e a comer caramelos de fruta, como eu teria tempo para fazer os trabalhos de casa?! Não compreendia que não valia a pena viver a vida se não houvesse emoção e caramelos de fruta quantos eu quisesse, e por isso, eu tornava-me gangster de vez em quando e não fazia os trabalhos de casa. Afinal eu era aquele gangster dos anos trinta que o público gostava e aplaudia, que mal havia nisso não é verdade?! Por vezes temos que despertar o gangster que há em nós.
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