quarta-feira, junho 03, 2009

Votos ou Botos

Que nada de novo se esperava desta campanha para as eleições europeias já era um dado assente mas há sempre a esperança confesso. Que aqui e ali houvesse um esboço de uma ideia concreta sobre o posicionamento que Portugal deverá ter no contexto europeu também confesso que seria pedir demais mas há sempre a esperança. Pelo contrário, o que há sempre é o mesmo circo Cardinalli com animais amestrados de têmpera bravia e ávidos de poder. Ainda não nos apercebemos do papel que as máquinas de comunicação contratadas pelos partidos têem na formulação da opinião pública nem tão pouco da extensão da sua maliciosa garra sobre as mentes dos mais incautos. Começou com o boato da suposta relação de Sócrates com o actor Diogo Infante como se isso fosse minimamente relevante mas que, para a mentalidade ainda pequenina de muita gente, o suficiente para “denegrir” a imagem de ambos. Agora continua com os boatos de que alguém de dentro já conseguiu as provas em como Sócrates não terá concluído a Licenciatura e haverão mais boatos, esta é a receita da política do vale tudo para deitar abaixo dos partidos do poder, aliás, é mais apanágio de um dos partidos do bloco central do que tanto do outro que ainda vai mantendo alguma elegância por mais não seja somente nisso. Lançam-se polémicas e casos, trabalham-se timmings para aparecerem, dão algumas figuras à morte em troca de favores posteriores, calam-se quem deveria denunciar e estar acima de qualquer suspeita sobre o abrigo de um segredo que é de Justiça também. Estamos a viajar à velocidade da luz para fora da rota do debate de ideias e projectos e até mesmos os partidos que até então fizeram disso uma bandeira procuram entrar na lógica de contrapoder. Como é possível apesar de tudo colocar num panfleto político o argumento devotar num partido para penalizar um governo ( este ou qualquer outro) quando se trata de uma eleição para o Parlamento Europeu onde quem deverá estar representado é Portugal? Não entendo isto como também não entendo o porquê do 25 de Abril para legitimar a ideia de que o partido será mais mereçedor por ter estado na vanguarda desse acontecimento, é preocupante a falta de debate de ideias, aliás, é preocupante a falta de ideias. Há um vazio, um fosso enorme nas gerações mais velhas e as actuais que não conseguem libertar-se deste jugo pernicioso do lascismo e da política de taberna que a nossa classe política nos habituou.

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