Provavelmente nunca os viram a trabalharem no campo. Refiro-me aos bois de trabalho, ou melhor, os bois amarelos que trabalhavam nos campos no tempo dos meus avós. Bois enormes e amarelos que trabalhavam incansavelmente o dia inteiro para irem para a "loja" comerem o seu feno e deitarem-se nas camas feitas de palha limpa. Tinham uma vida fatíca pois, a vida deles, resumia-se a trabalharem no campo ou a puxar as juntas de bois até não puderem mais e serem mortos. Quando se ajoelhavam nas patas dianteiras a resolução das suas vidas estava muito perto. Eram bens preciosos e quem as tinha, as juntas de bois, tinha aí uma fonte extra de rendimento e carne quando já não prestavam mais para trabalharem. Sem querer comparar-nos a bois de trabalho directamente temos que, no entanto, reflectir sobre o que somos e que representamos nós para as esferas de poder. Nascemos controlados e planeados pois, nós como filhos de alguém, nos tempos que correm, somos um luxo ao alcance de alguns apenas, vivemos a crédito sobre o soldo de um dia inteiro de trabalho extenuante em que o sol, esse, o mesmo dos bois, se põe cada vez mais tarde. O descanso esse vem algures, actualmente, aos 65 anos de idade mas um dia virá que será aos 70 anos ou até mesmo aos 74 anos, ou seja, assim que nos ajoelharmos nas patas dianteiras e o nosso fim estiver próximo claro está porque deixamos de ser contribuintes e tornamo-nos em beneficiários, logo, somos despesas e essas têem que ser cortadas a todo o custo pelas esferas de poder. Temos que reflectir se teremos que viver num mundo que é ditado em esferas de poder das quais as caras visíveis são os políticos comandados por outros, as tais esferas do poder.
Não nos reserva o futuro uma morte induzida por já não prestarmos para trabalhar mas, algures nas esferas do poder, somos números incomadativos pois somos custos. Não temos cornos como os bois, não somos amarelos nem comemos palha mas quanto ao resto partilhamos uma vida fatídica.
Sem comentários:
Enviar um comentário