terça-feira, julho 11, 2006

A moral pode ser um mau negócio

O conforto que possamos sentir pelo facto de nutrirmos sentimentos de pertença a uma determinada comunidade é, muitas vezes, fogo de vista e efémero. Quando nos sentamos e decompomos tudo aquilo em que nós, de uma forma cega, acreditamos, chegamos à conclusão que há muitas coisas que não batem certo. Uma delas tem a ver com a relação que nós temos no Ocidente com a morte ou com o local para onde pretensamente pensamos que vamos no além, é claro, refiro-me a algo mais do que os sete palmos abaixo da terra. O Ocidente ou lá o que isso queira dizer porque, para darmos a definição de Ocidente, teríamos que incluir os EUA e isso é complicado em termos de sentimentos de pertença no ponto de vista estrito. No entanto, sem querer entrar num discurso cujo tema rondaria sempre a política actual e uma conversa que teria contornos do género "quem nós somos e de onde vimos e para onde vamos" porque não é isso que pretendo, vou antes comparar o que a ideologia religiosa judaico-cristâ advoga como prémio pós-mortem para quem se porta bem por cá, com a visão que a religião muculmana encriptada* no nosso preconceito em torno desta religião tem acerca do mesmo assunto.

Pretendo decompor uma parte da Moral Judaico-Cristã que está mal formulada. Refiro-me à história de termos a possibilidade, para quem é crente claro está, de entrarmos no Céu se levarmos uma vida sem pecado ou quase. Para levarmos essa vida sem pecado teremos que evitar uma série de pecados, alguns dos quais mortais no género de, se os cometes, és fulminado por um raio vindo dos céus ou por uma foto comprometedora no jornal, mas que, vivendo essa vida sem pecado, teremos que prescindir de algumas coisas que, por exemplo, outras religiões oferecem para o mesmo efeito, ou seja, para efeitos de entrada num Éden post mortem de índole hedonista puramente. Por assim dizer, o “produto�, é a entrada no Céu e nisso, a religião Islâmica, tem vantagens nítidas sobre a velha moral Judaico-cristã porque promete sete virgens a todos os mártires que entrem no Céu, apesar de, na "vida terrena" o limite ser três mulheres desde que haja consentimento por parte delas. Ora, no caso da Religião Cristã, para entrarmos no Céu, teremos que viver uma vida devotada a um(a) parceiro(a), de cada vez pelo menos, e nada de deboche nem cá nem lá no Paraíso, pelo menos, é assim que o apregoam. Concorrencialmente, esta história tem que ser revista porque, das duas uma, ou um cristão qualquer vai para o paraíso e apanha as tais seis mulheres por cada homem que lhe escaparam por imperativos diversos sendo os morais os mais importantes senão não estaria no Paraíso, e pode escolhê-las também, ou então, os muçulmanos levam uma vantagem enorme sobre nós e têm por assim dizer, a moral mais correcta e vantajosa no que toca este aspecto. Alguém contou mal esta história porque, se teremos que nos sacrificar aos prazeres da carne para entrarmos no Céu e, chegando lá, não temos a garantia de podermos tirar a barriga de misérias, então, o negócio por assim dizer não é vantajoso e assim não sei se valerá a pena lá entrar. Eu pelo sim pelo não, sempre que posso, faço como diz o ditado : “ se vais para o mar avia-te em terra! “

* É importante referir que existe um preconceito enorme e em muitos casos infundado acerca do que é o Islão, bem como, da parte de muitos que profeçam essa religião existe também uma usurpação do que será o que vem escrito nas escrituras.

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