O Natal traz todo o fanatismo consumista reprimido por um salário que não chega durante o ano inteiro mas que, em Dezembro com o crédito e a ajuda do Subsídio de Natal, chega um pouco mais para satisfazer a gula desse monstro que é o consumismo. É altura de satisfazer as necessidades impostas pela sociedade de consumo que nos leva a desejar coisas supérfulas para combater a ansiedade que criamos por viver numa sociedade que oblitera as pessoas e as trata como bilhetes de transportes públicos, ou seja, só é válido para a viagem em causa porque depois vai para o lixo sem dó nem apelo. Nesta altura a penúria deu lugar à fartura e agora já se pode comprar o GPS para o Fiat Uno de 88 artilhado com uma bufadeira que o faz parecer um formula 1 a engasgar-se. Dão-se presentes, ou melhor, nos casos mais afortunados, trocam-se presentes de preferência presentes que contenham os bens materiais iconizados e reconhecíveis no grupo em que se inserem, tais como, telemóveis de 200 e tal euros para quem faz poucas chamadas porque é muito caro telefonar excepção feita às chamadas para a Menina Júlia para ver se calha o prémio da manhã, GPS para um gajo não se perder algures entre a Rinchoa e o Cacém porque para mais longe não dá porque a gasolina está cara, LCD´s enormes a pagar em prestações que depois se vê como as pagar para vermos o Filme do Homem Aranha 3, que eles oferecem é claro porque os DVD´s estão caros, ou o Benfica quando dá na TVI porque SportTv é a televisão dos ricos, ah!!! um lCD enorme para ver se conseguimos ver bem as mamocas da Soraia Chaves ou a tranca da Merche Romero ( o argumento para convencer a esposa são os espectáculos de variedades que esta pode ver e a possibilidade de ver com detalhe os vestidos de lantejoulas e as rugas das gajas que aparecem nas revistas com a precisão que só a tecnologia de ponta nos oferece claro está ). Enfim, tudo quanto possa fazer subir a nossa cotação lá no bairro ostentando estas coisas que nos fazem realmente felizes e já para não esquecer da Playstation 3 para a nossa cria obesa de tanto estar sentada(o) sem fazer exercício nenhum a jogar, ao lado do seu paizoca também obeso de fato de treino, porque a playstation 2 já está toda marada, a versão oficial é a de que foi a criança obesa é que estragou de tanto jogar, resta saber como é que foi parar cerveja e amendoins para dentro do aparelho pois pois. Foi sempre assim desde que nos conhecemos como espécie Homo Sapiens Sapiens, não julgem que 5 milhões de anos de evolução conseguiram fazer de nós seres racionais que descartam as coisas supérfulas e se centram no essencial e no real bem fazer para a comunidade, é a lei da selva e nós só temos que ser os macacos dominantes.
A nossa Cultura Judaico-Cristã impingiu-nos uma coisa bem pior que este consumismo desenfreado. A Igreja doutrinou-nos a acreditar que nesta altura se celebra o nascimento de Jesus Cristo, antes demais os meus parabéns ao menino Jesus, e que este morreu pregado numa cruz pelos romanos maus para redenção dos nossos pecados, o que, desde já, coloca-nos numa situação vantajosa. Se o Jesus morreu por nós para redenção dos pecados da Humanidade então agora o que é preciso fazer é trocar uns presentitos por altura do Subsídio de Natal e relembrarmo-nos que há os coitadinhos desfavorecidos a quem damos umas roupas velhas e um litro de óleo Fula à saída do supermercado e voilá, o nosso contributo para o bem da humanidade já está dado, não temos que tomar decisões nem fazer muito sacrifícios, à excepção dos Filipinos que, por esta altura, alguns pregam-se na cruz só naquela de não vá a crucificação do Jesus ser pouco para os pecados da Humanidade e assim fica compensado e tal. Ora, o motivo é válido mas os meios foram sanguinários, quer-se dizer, pregar um desgraçado na cruz ora bolas não é preciso chegar a tanto e o Natal assim correria o perigo de parecer uma festividade de cariz sanguinário e com riscos de virem os senhores da ASAE e fecharem o Natal porque a cruz é feita de madeira e isso está carregado de bactérias nocivas para saúde humana, logo, o Natal teria que se fechar de imediato. Para compensar surgiu um velhote de face rosada com cara de quem andou a beber uns copitos e que desce as chaminés apesar de ter um perimetro de cintura para aí de uns 5 metros ou mais, à meia noite e distribuí os presentes a toda a gente que, supostamente, se portou bem o ano inteiro. Ora, eu já nem falo nas questão das horas extraordinárias que o Santa Claus faz e que se saiba não as recebe porque, entre estar o ano inteiro a ver o que cada um pediu e depois distribuir os presentes restam poucas folgas e é todos os anos este ritmo. Mas o problema aqui está entre o mérito de cada um e a fama que cada um tem porque, em comparação, o Jesus para além de fazer anos e ter sido crucificado tem a concorrência, quanto a mim desleal, de um Velho vestido de vermelho ( bahhhh !!!!) que apesar de ser pendurado nas janelas e varandas à chuva e ao vento não se compra com o ficar pregado numa cruz e querouba protagonismo sem ter feito tanto quanto o Jesus fez para merecer as luzes da ribalta. Mas há outro protagonistanesta quadra que é completamente esquecido, o Bacalhau, esse messias Escandinavo, da Noruega entenda-se, que morre nas águas frias do Atlântico para ser depois salgado e comido nesta altura. Cá estamos nós outra vez a ir de encontro com prácticas sanguinárias e mais, à medida que o desgraçado do Bacalhau é escado daqui a uns anos não há mais Bacalhau para ninguém e depois, nessa altura, reza-se para que no Natal venha Bacalhau. Ao preço que o bacalhau está um dia destes os padrinhos oferecem bacalhaus às afilhadas como enxoval em vez de cordões de ouro. Voltando ao cerne da questão e analisando as três personagens, o Jesus, o Pai Natal e o bacalhau proponho que seja eleito como figura desta quadra festiva o Bacalhau. Sim, o bacalhau porque morreu para o bem da humanidade porque mata a fome a muita gente e porque é salgado e não traz problemas de conservação não correndo desta forma o risco dos senhores da ASAE fecharem o Natal porque não se trata de um produto fresco. Quanto ao Pai Natal eu proponho uma cura de desintoxicação e uma dieta porque o velho por este andar a comer e a beber da maneira como o faz não chega ao próximo Natal.
Feliz Bacalhau
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